segunda-feira, 5 de julho de 2010

Doce pecado

O que sou eu? O que és tu? Não estou perguntando “quem” sou, ou és, pois esta indagação estaria se referindo ao aspecto subjetivo de cada um. Algo assim como personalidade, caráter, alma ou espírito. Não. Nada disso. Se bem que, mais adiante, não poderei evitar a abordagem desta condição.
Eu iniciei com a pergunta o “que” para te convidar a refletir comigo sobre a nossa definição em relação a todo esse infinito número de elementos que existem no universo. Montando uma linha de raciocínio lógico, constato que pertencemos ao mundo animal, eis que temos características físicas semelhantes. O que nos diferencia é a razão, daí pertencermos ao grupo dos racionais e os demais, coitadinhos, aos irracionais.
Todos os animais nasceram para ser livres, vivendo em harmonia com a natureza. Só que a coisa não funciona assim. A razão ou inteligência, que é a mesma coisa, é uma força poderosíssima. É com o uso dela que nós humanos dominamos os irracionais, deixando uns livres, outros não, e alguns até matamos, para nos alimentar. Tu já pensaste se surgisse no universo, de uma hora para outra, outro bicho mais inteligente do que nós? Quá! Quá! Aí os dominados seríamos nós.
De forma que aquela liberdade plena prevista pela natureza aos animais não acontece, uma vez que eles são escravizados pelo homem. Este sim é livre, pois tem a inteligência para se auto-administrar, não é isso? Isso o cacete! Deveria ser, mas não é. A partir do momento em que passou a conviver em grupo, ou sociedade, se preferires, o homem descobriu uma característica sua que o impede de ser totalmente livre; a imperfeição. Por sermos imperfeitos, temos a maldade em nossas mentes e corações.
Por isso a civilização precisou criar regras de convivência, que são as leis, sob pena da vida em comunidade se tornar impossível. Aí depois vieram as religiões, cada uma criando suas próprias regras, ou dogmas, as quais, dizem, se não forem observadas, o cara não chegará ao reino dos céus. Isto é, o céu de cada uma. Quando alguém infringe as regras dos homens comete um crime e quando das religiões um pecado. Às vezes os dois. E aí, então, foi-se a nossa liberdade plena. Somos escravos das convenções humanas e espirituais. Os nossos sonhos e desejos ficaram limitados.
Um detalhe que só os hipócritas não querem reconhecer é que nenhum ser humano consegue viver rigorosamente, a vida toda, dentro das leis ou dogmas. Não estou falando do criminoso ou do pecador nato, mas de mim e de ti; os “normais”. Quem de nós alguma vez não cometeu um deslize, ou um pecado? Um doce pecado. Não vale mentir. É da natureza humana. Ainda bem que existe o perdão. Lembras da frase: “Quem nunca pecou atira a primeira pedra”? O que todos temos que saber é quais são os limites da tolerância.

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