quinta-feira, 24 de junho de 2010

Humanismo

Tem chamado a minha atenção a intensidade com que muitas pessoas buscam auto-ajuda. Quem mexe com Internet, por exemplo, recebe, envia e troca uma grande quantidade de mensagens diariamente. Nas livrarias o que mais se vende são livros sobre o assunto. Quando eu era criança, e até na adolescência, aqui no Brasil a gente só ouvia falar na Igreja Católica. O mesmo ocorria em outros países com suas religiões preferidas, como, por exemplo, na Inglaterra a Anglicana, na Alemanha a Luterana, e assim por diante.
Lembro que o culto do espiritismo ocorria quase que na clandestinidade. As pessoas tinham medo ou vergonha de serem reconhecidas como espíritas, seja na sua forma popular, Umbanda, ou na mais sofisticada, Kardec. A maçonaria, por sua vez, era totalmente fechada. Quem era maçom se escondia. Eles só se reconheciam, através de seus códigos secretos. Hoje proliferam por todos os cantos igrejas, templos e casas onde se praticam as mais variadas formas de religiões e filosofias. A maçonaria agora se popularizou, abrindo suas portas também aos pobres mortais.
Religiões, filosofias e mensagens de auto-ajuda são o que mais se vê. Tudo porque a humanidade está angustiada diante da realidade da vida, qual seja a de que somos apenas um animalzinho, um bichinho frágil e insignificante dentro da infinita grandeza do universo. Acontece que, hoje em dia, as pessoas recebem muita informação e, através dela, constataram que o ser humano é um “bichinho inteligente”, um vermezinho que pensa. Pronto, foi o que bastou para que ficássemos prepotentes e acharmos que somos superiores aos demais animais. Quá! Quá! Não queremos sofrer como eles a dureza da vida real; nascer, viver, sofrer e morrer. Queremos ser imortais. Invulneráveis.
Assim, ficamos todos correndo, atabalhoados, de um lado para o outro, como ratos no convés de um navio prestes a naufragar, buscando explicações para o inexplicável. Buscando a salvação atual (felicidade plena) e futura (vida eterna). Todo mundo dá palpite e chuta pra todo lado. Algumas explicações até são coerentes, mas, pra mim, fica tudo no campo da cogitação, não para os fanáticos e para os que não querem ver. De ambos eu tenho medo. Na verdade, o que todos buscam é um bálsamo para suas angústias e medos, em especial do que pode existir do outro lado. Ou de nada existir.
Se eu vivesse na Idade das Trevas, seria queimado numa fogueira em praça pública. Não que algumas pessoas não tenham vontade de fazê-lo hoje. Alguém me perguntará: “O que faço então, filósofo de boteco?” E eu responderei: - Sejas mais humano e menos místico. Humano no sentido de ser fraterno, de ajudar, de não fazer o mal. Aceita, meu querido irmão, minha irmã, a realidade da vida. Aceita a tua fragilidade; a tua vida curta e fujona. Busca o conhecimento como forma do teu crescimento racional. Ama mais. Valoriza cada segundo, cada minuto, que não sentires dor. O resto é silêncio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário